domingo, 24 de abril de 2016

É possível um estudante de escola pública passar para o Colégio Naval sem fazer cursinho?

O que você acha? É possível que um menino pobre de 15 anos que estuda em uma escola pública Municipal em Bangu, no Rio de Janeiro, passe para o Colégio Naval?

Eu diria que sim! Porque já tive dois alunos que passaram: Pedro e Alisson. Eles serviram de exemplo e inspiração para os outros alunos da escola. A história deles, da entrada no Colégio Naval em 2007 até a formatura na Escola Naval em 2014, já está neste blog (postagens dos anos anteriores). Eles estudaram muito no 8º e 9º ano, adiantando sozinhos, através dos livros, apostilas, provas anteriores, o conteúdo necessário para passarem nos concursos. Mas não conseguiram passar de primeira para o CN, como normalmente acontece, mas passaram em todos os outros concursos que fizeram. No ano seguinte fizeram um ano de cursinho preparatório e conseguiram realizar o sonho de passar para a Marinha. Hoje são dois rapazes maravilhosos, íntegros, fortes, bom caráter, realizados, encaminhados na vida e muito felizes.


Entrada no Colégio Naval (ensino médio) em 2007
Formatura na Escola Naval (ensino superior) em 2014


Em 2015 eu tive a grata surpresa de um outro menino Ari Guilherme, inspirado nesses dois,  querer fazer a prova para o Colégio Naval.
Ele me perguntou: Professora será que eu consigo passar? 
Eu disse que seria muito difícil, pois ele não tinha se preparado para esse concurso, mas que não era impossível. 
Aí ele perguntou: Então vale a pena fazer a prova? 
Eu disse: Claro filho, no mínimo você vai pegar experiência e terá visto se é isso ou não que você quer.  

Pois bem, ele foi lá e fez a prova com a tranquilidade de quem não está esperando nada com isso. No dia do resultado ele me mandou uma mensagem pelo Whatsapp: Professora, o que é isso? Meu nome está no site da Marinha. Eu corri e chamei minha filha para ela abrir o site da Marinha. Quando vimos o nome dele entre os aprovados não contivemos o choro. Foi uma surpresa incrível! Um momento inesquecível! Eu respondi para ele: Isso é que você passou. Ele não queria acreditar, achou que tinha algo errado. O coração parecia que ia explodir de felicidade e surpresa.
Na escola eu perguntei a ele se estava preparado para o teste físico. Se corria bem e sabia nadar. A resposta foi não. Ele disse: Eu só ando de bicicleta e não sei nadar direito. 
Fui com ele até a Universidade Castelo Branco, que tem um centro esportivo, para ver se conseguia uma preparação intensiva para ele, porque teria aproximadamente um mês para se preparar.
A recepcionista me falou espantada: Senhora, seu filho está se preparando para um concurso como esse e a senhora não pensou na preparação física? Eu falei para ela que ele não era meu filho e que também não estava se preparando para o concurso, que foi uma surpresa para todos nós ele ter passado. Peguei todas as informações e ele levou para casa. No mesmo dia a mãe foi com ele e fez a inscrição. Ele fez duas horas de preparação todos os dias incluindo a corrida e a natação. Teve ajuda, também, do professor Flavio na nossa escola, que foi Fusileiro Naval, que deu algumas dicas de como é o teste físico. Ele entrou em contato com o Pedro no Facebook que também deu algumas dicas e ficou super feliz em ter servido de inspiração para o Ari.
No dia do teste físico a mãe dele, D. Rose, ficou esperando e conversando com os outros pais lá fora do Centro de Formação da Marinha. Quando ela disse que ele tinha passado, de primeira, sem fazer cursinhos ninguém acreditou. Acharam que ela estava querendo contar vantagens e estava mentindo. A maioria dos meninos faz um, dois ou até três anos de cursinhos caros e de uma rotina intensa de estudo. Para esses pais seria impossível um menino passar, de primeira, sem fazer cursinho. Mas foi verdade e ele conseguiu passar também nos testes físicos. No resultado final ele ficou na reclassificação, tendo 9 pessoas na sua frente e não foi chamado. Ele também passou em outros concursos e está muito bem, mas o resto conto em outra postagem. 
Em matemática se alguém afirmar que nenhum consegue e você provar que pelo menos um conseguiu, você já negou a afirmação anterior. E eu estou aqui para provar que é possível sim. É possível que estudantes pobres de escola pública sem condições de pagar cursinho passem para concursos de alto nível como o Colégio Naval. 


















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